A Federação das APAEs do Estado de Santa Catarina está instalando a partir deste mês, nas 197 filiadas do estado, um programa de software de Tecnologia Assistiva que possibilita a formação e o aprimoramento de profissionais da instituição a desenvolver diferentes técnicas de comunicação alternativa e ampliada para crianças autistas entre 0 e 6 anos de idade. A compra do Boardmaker, resulta da doação de recursos do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC). Parte da multa de uma ação civil pública foi revertida para o projeto com autorização da Justiça do Trabalho.
A ferramenta com práticas que objetivam ações das competências cognitivas e relacionais dos usuários com Transtorno do Espectro Autista (TEA), dispõe de uma biblioteca com cerca de 4.500 símbolos de comunicação pictórica(SPC) e pode ser adequada às necessidades de cada aluno. No caso da FEAPAES/SC, vai beneficiar cerca 3.000 crianças das 7.996 (0 a 6 anos), atendidas no Serviço de Estimulação Precoce realizado por uma equipe multiprofissional que envolve uma abordagem Interdisciplinar, atividades nucleares e extensivas nos diferentes níveis de prevenção e reabilitação, articulando aspectos educacionais e terapêuticos.
Os profissionais que atuam no programa de Estimulação Precoce e fazem os atendimentos sistemáticos de fisioterapia, psicomotricidade, fonoaudiologia e estimulação cognitiva vão ser treinadas para utilizar o Boardmaker. A compra dos 200 softwares (três reservas para destinação no caso de perda ou problemas na utilização), no valor total de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), inclui a formação em EAD em 08 módulos com aulas desde o básico até o avançado.
No projeto encaminhado ao MPT-SC, a então Presidente da Federação das APAES de Santa Catarina, Alice Kuerten, diz que a ferramenta irá promover processo de inclusão da criança diagnosticada com TEA o estado. “Entende-se que a comunicação é fundamental ao ser humano, conferindo-o a possibilidade de conviver em sociedade. A capacidade de se relacionar com seus pares é a base para a sobrevivência em sociedade e satisfação da necessidade básica de cada indivíduo. Assim, é explícito a importância da comunicação no desenvolvimento da humanidade, uma vez que a construção de elos com os demais indivíduos, cria um ambiente propício a consolidação de sistemas sociais. A comunicação é uma forma de se demonstrar que há um compartilhamento de pertencimento entre os seus agentes. A comunicação une, demonstra sentimento de reciprocidade e união entre os comunicadores”, dissertou.
Para a Procuradora do Trabalho Alice Nair Feiber Sonego, responsável pela ACP de onde saiu a destinação, é de grande relevância o direcionamento de recursos advindos da correção de irregularidades trabalhista, perseguida pelo Ministério Público do Trabalho, a projetos que buscam a inserção social daqueles com dificuldades acentuadas, trazendo assim maior igualdade de oportunidades no seu dia a dia.
A juíza substituta do Trabalho Zelaide de Souza Philippi , da 6ª VT de Florianópolis, que conduziu parte do processo para a liberação dos recursos, lembra que o acordo envolve uma rede varejista que não cumpria a cota de pessoas com deficiência. “É importante esta parceria entre o Poder Judiciário, Ministério Público, empresas e sociedade, justamente por isso. Com a ação a empresa passou a contratar pessoas com deficiência e a indenização foi revertida para crianças autistas que terão melhor capacidade de integração com a sociedade no futuro. Tudo pela inclusão”, finalizou.
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