A conscientização no que diz respeito a luta pelos direitos das pessoas com deficiência vem crescendo e tornando-se um tema recorrente na mídia, seminários e judiciário, mas, ainda assim, percebe-se diariamente nos discursos que muitas pessoas não entendem os conceitos de diversas deficiências, levando-as a confundirem as terminologias e características de cada uma.
A paralisia cerebral, por exemplo, é comumente confundida como uma doença ou deficiência intelectual. Porém, é importante esclarecer que a paralisia cerebral é resultado de malformações cerebrais ou lesões nas partes do cérebro que controlam os movimentos musculares, então ela pode estar associada a uma deficiência intelectual, mas não ser definida como uma.
Já as deficiências intelectuais, descrita no Art. 2º da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência*, caracterizam-se como atraso no desenvolvimento cognitivo. Pessoas com deficiência intelectual apresentam características como: dificuldade de aprendizado, pouca interação com outras pessoas e incapacidade de realizar atividades consideradas simples para a faixa etária da pessoa.
Conceito de paralisia cerebral
A encefalopatia crônica não progressiva da infância, ou paralisia cerebral, ocorre antes, durante a gestação ou até os cinco anos de idade. Esse quadro engloba dificuldade de movimentação e espasticidade (rigidez muscular).
Existem diversos fatores que podem ocasionar a paralisia. Durante a gestação, as causas associadas podem ser doenças derivadas da mãe ou metabólicas e o uso de substâncias como álcool e drogas.
O parto também pode trazer complicações que favorecem o surgimento da paralisia cerebral, como falta de oxigenação no cérebro, contração uterina anormal, o feto estar em uma posição que favoreça a passagem sanguínea não adequada para o cérebro, alguma alteração no cordão umbilical ou medicamentos usados durante o parto.
O pós-nascimento também traz riscos para a criança, como a falta de oxigênio, convulsões, quedas, meningite, dentre outros.
O papel das APAE’s
O diagnóstico precoce, seguido de uma estimulação adequada com uma equipe de profissionais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, pedagogos e assistente social é muito importante para minimizar sequelas consequentes das lesões cerebrais.
Por isso, o papel das Apaes é fundamental neste processo. Em Santa Catarina, as 197 filiadas da Federação Estadual das Apaes de Santa Catarina (FEAPAES-SC) costumam contar com uma equipe multidisciplinar que realiza a avaliação do usuário e definem o protocolo de atendimento mais adequado para cada caso, levando em consideração sempre as especificidades de cada usuário.
Apae de Pinhalzinho
Em Pinhalzinho, município localizado no Vale do Chapecó, a Apae da cidade atende 243 pessoas, sendo 23 com paralisia cerebral.
A pessoa com paralisia cerebral que ingressa na instituição, passa por uma triagem inicial com uma equipe de avaliação composta por neurologista, psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, assistente social e fonoaudiólogo que determina as fases mais sensíveis do paciente.
Depois que é feita a avaliação, as equipes começam a trabalhar simultaneamente. Os fisioterapeutas realizam atendimentos individuais de uma a duas vezes por semana. Dentre os protocolos utilizados para estimular estão o Protocolo PediaSuit, Hidroterapia, Equoterapia e Fisioterapia. Além disso, a Apae conta com uma estrutura completa no jardim sensorial para ajudar na estimulação das pessoas com paralisia cerebral.
É importante ressaltar que o acompanhamento precisa ser constante, por isso, são feitas reuniões periódicas para avaliar o desempenho dos alunos e reuniões internas entre os profissionais e coordenadoras pedagógicas que atendem o paciente para discutir sobre o caso.
Na Terapia Ocupacional - que busca ajudar as pessoas a executarem tarefas cotidianas - é a mesma dinâmica. É realizada uma triagem inicial para identificar as maiores dificuldades, e a partir disso, orientar as professoras e estipular quais ações devem ser desenvolvidas com o usuário.
Os atendimentos são feitos com uma frequência de uma a três vezes por semana, de acordo com a necessidade. Os terapeutas ocupacionais atuam em sala no atendimento individual do usuário, às vezes, em duplas também.
Para os pacientes adolescentes, os TO’s também auxiliam na oficina Mercado de Trabalho junto à equipe de trabalho composta por psicólogo, assistente social e pedagoga.
Na área pedagógica os atendimentos para esse público, tem como foco o processo de ensino aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento intelectual do mesmo. São organizadas atividades pedagógicas que visam a estimulação cognitiva nas diferentes áreas como: funções executivas, socialização, formação conceitual, aspectos afetivos e emocionais.
Destaca-se que as atividades são adaptadas de acordo com a necessidade de cada educando, levando em consideração as particularidades de seu quadro. Evidencia-se ainda que no planejamento que é organizado de forma diária são elaboradas estratégias para o desenvolvimento de habilidades funcionais e conhecimentos que são importantes para a vida dos educandos com deficiência, para que possam interagir e contribuir na família e sociedade, contemplando a inserção social do público atendido.
*A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, é um conjunto de dispositivos destinados a assegurar e a promover, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania. (Governo Brasileiro/ Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos).
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